Professores ensinam cantando em sala de aula na Serra

A atitude, além de ser didática e alegrar o ambiente, vem promovendo a inclusão de alunos especiais

Professores ensinam cantando em sala de aula na Serra


Texto: Jéssica Romanha - Foto: Everton Nunes/Secom-PMS

Se a sua ideia de sala de aula se resume ao professor falando e alunos em silêncio, apresento a você a EMEF Profª Iolanda Schineider, em Porto Canoa, que desenvolve o projeto “cantando a gente ensina, brincando a gente aprende”. Por meio da música, os professores Giovani Cruz e Adriana Lima estão contagiando os alunos, que aprendem de maneira leve e descontraída.

O ritmo da aula é embalado pelo violão, o triangulo, o cajón e muitos outros instrumentos, adquiridos com recursos próprios da escola. A atitude, além de ser didática e alegrar o ambiente, promove a inclusão de alunos especiais na escola.

O secretário de Educação, Gelson Junquilho, afirma que as unidades de ensino estão trabalhando norteados pelo lema “escola que acolhe, escola que transforma”, o que tem feito toda a diferença na construção de um ensino mais humano e de valores.

“A EMEF Iolanda está desenvolvendo um lindo trabalho. A música é um importante instrumento alfabetizador, que exerce um papel primordial em todas as esferas de nossa sociedade, pois ela socializa as pessoas, reforça laços sociais e vínculos afetivos. Além disso, também pode ser usada para ocupar de forma prazerosa o tempo dos alunos”.

De acordo com a diretora da escola, Cynthia Segundo, o projeto surgiu da necessidade de oferecer atividades que vão além do currículo e do âmbito escolar. “A vivência musical dentro da escola possibilita o trabalho das emoções, o desenvolvimento da sensibilidade, a percepção auditiva, a sociabilidade. Com a música temos avançado, pois a sua prática torna os alunos mais disciplinados, concentrados, motivados e responsáveis em sala de aula e também fora da escola”, contou.

Animação que contagia

Com muita empolgação, o aluno do 4º ano, Vitor da Silva Freire, 9 anos, disse que gosta de soltar a voz durante os encontros de música. “Ficamos todos juntos, seja o coleguinha especial ou não. Por isso, acho que todo mundo ganha com esse projeto, a gente e a sociedade”.

Lívia Caron, de 10 anos, que tem transtorno de ansiedade, conta que tem vontade de aprender a tocar vários instrumentos. “Aqui eu ganho mais energia e, ao mesmo tempo, calma. Antes da prova, às vezes, os professores entram na sala de aula e começam a cantar com a gente. Gosto muito quando fazem isso, fico mais tranquila para fazer o teste”, revelou a aluna.

Edgar Siqueira, de 14 anos, também confirma no olhar e nas palavras o encantamento pelo projeto. “Prefiro vir para a escola do que ficar em casa, aqui tem o cajón e os professores. Eu gosto”, disse o menino que mesmo com distrofia muscular congênita não desanima de participar das aulas.

O projeto

De acordo com o professor Giovani Cruz Matias, o projeto acontece diariamente na sala de atendimento educacional especializado, contemplando os alunos especiais no contraturno; e também com as turmas do 1º ao 5º anos do ensino fundamental, em sala de aula. “Ficamos felizes pelos incríveis resultados no decorrer do ano letivo. Também estamos tendo um retorno gratificante e positivo dos pais, que se emocionam e participam diretamente das apresentações promovidas pela escola”.

A professora Adriana Lima conta que a musicalização é desenvolvida de acordo com as necessidades dos estudantes e trabalha concentração, alfabetização, percepção musical, coordenação motora, lateralidade e composições musicais.

“Acredito que o projeto contribui positivamente em todos os sentidos. A música facilita a alfabetização e a compreensão dos conteúdos; ajuda na parte disciplinar; no aumento da capacidade de memorização; facilita o trabalho em equipe; alivia o estresse; promove a socialização e o combate ao bullying; entre muitos benefícios”, destaca Adriana.