Estudantes da Serra farão visita guiada com técnicos do Iphan ao Sítio Histórico do Queimado

Eles irão conhecer o local da maior revolta de escravizados do Espírito Santo, ocorrida em 1849

Estudantes da Serra farão visita guiada com técnicos do Iphan ao Sítio Histórico do Queimado


Texto: Marcelo Pereira - Foto: Edson Reis

Cerca de 217 estudantes do oitavo ano das Emefs Herbert de Souza, Cascata e Divinópolis farão uma visita monitorada ao sítio histórico do Queimado ao longo do mês de maio.

Eles serão acompanhados de seus respectivos professores e por um historiador, um antropólogo e um assessor técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A primeira visita será nesta segunda-feira, 13 de maio, a partir das 8h, data em que é lembrado o Dia da Abolição da Escravatura no Brasil, feita em 1888. Quem inicia a agenda é a Emef Herbert de Souza, de Colina da Serra. Outras visitas acontecerão nos dias 15, 24 e 29 de maio.

A ideia é que os alunos conheçam o local da Insurreição do Queimado, considerada o maior movimento de revolta dos escravizados no Espírito Santo.

O objetivo é dar maior visibilidade ao lugar enquanto local de referência histórico da cidade da Serra e também símbolo de resistência do povo negro. Por lá, ainda se preservam as ruínas da igreja de São José do Queimado. 

Sobre a Insurreição do Queimado

Em 19 de março de 1849, escravizados se revoltaram por causa de uma promessa do frei italiano Gregório José Maria de Bene: se eles construíssem a igreja de São José teriam alforria. O templo foi construído mas a libertação não veio, o que causou indignação entre os cativos, que se sentiram enganados.

A repressão ao movimento de luta por liberdade foi brutal. Os líderes foram presos e mortos, entre eles, Chico Prego capturado e enforcado, em 11 de janeiro de 1850. Hoje, ele nomeia a Lei de Incentivo Cultural do Município da Serra e é homenageado com uma estátua numa praça no centro do município.

Além do que restou do templo católico, os alunos também vão entrar em contato com os arredores do local que se configura também como um amplo sítio arqueológico de populações indígenas anteriores à ocupação colonial.

Atualmente, o sítio histórico, composto pelas ruínas da igreja de São José e tombado pelo Conselho Estadual de Cultura do Espírito Santo, passa por revitalização feita pela Secretaria Municipal de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer (Setur) da Serra.

A área foi doada para a Prefeitura da Serra em 2015 e, de lá para cá, foram feitas intervenções para reforço na estrutura do que restou do templo. Foram incluídos escada e patamar de ferro para que se possa ter uma vista de todo o sítio histórico.

O projeto inclui ainda calçadas ao redor para facilitar a locomoção e um centro de apoio aos visitantes. A previsão é que as reformas sejam entregues ainda em 2024.

A ação com a visita escolar, realizada pela superintendência no Espírito Santo do Iphan, tem a parceria da Secretaria de Educação da Serra, por meio da Coordenação de Estudos Étnicos-Raciais (CEER).

“É obrigação da Educação Básica, conforme as Leis 10.639/03 e 11.645/08, a inserção da história e cultura Africana e Afro-brasileira e indígena nos seus currículos escolares. Oportunizar aos estudantes conhecer um lugar tão significativo na história do município e na luta pela liberdade, é valorizar a Educação para Relações Étnico-Raciais, valorizar o Movimento Negro e potencializar uma Educação antirracista”, sintetiza a coordenadora da CEER, Juliana Lucas.

Os estudantes farão, após o passeio, trabalhos pedagógicos relacionados ao tema de Queimado.