Acolher é cuidar: profissionais da Saúde da Serra participam de capacitação sobre inclusão
Capacitação reuniu gestores das unidades de saúde da Serra para aprimorar o acolhimento de pessoas com deficiência e suas cuidadoras

Texto: Amanda Drumond
- Foto: Amanda Drumond
Os gerentes das UBSs, UPAs da Serra e do Ambulatório Municipal de Especialidades da Serra (AMES) participaram, nesta quarta-feira (25), de uma capacitação sobre o acolhimento de pessoas com deficiência e suas cuidadoras, com a especialista Lucia Mara dos Santos — bacharel em Ciência Política pela Serravix, licenciada em Ciências Sociais e estudante de Pedagogia pela UFES.
Além dos gestores, também estiveram presentes o secretário de Saúde da Serra, Diogo Cosme, e os subsecretários de Saúde e Gestão, Juliana Rocha e Adonias Menegidio, respectivamente. Organizada pela Secretaria Municipal de Saúde, a formação tem o principal objetivo de ampliar a inclusão e o acolhimento desse público nos serviços de saúde da cidade.
"Nosso compromisso é garantir que cada pessoa que procura os serviços de saúde da Serra — especialmente aquelas em situação de maior vulnerabilidade — se sinta verdadeiramente acolhida. Essa capacitação reforça a importância de um olhar mais humano, atento e inclusivo para as pessoas com deficiência e suas cuidadoras. Por isso, para a Prefeitura, investir na formação dos nossos profissionais é investir em uma saúde pública mais justa, acessível e sensível às necessidades reais da população," afirmou o secretário Diogo Cosme.
Somado ao seu currículo na área, Lucia Mara ainda é representante do coletivo Mães Eficientes, formado por mulheres de maternidade atípica e mães atípicas, o que enriqueceu ainda mais o diálogo com os profissionais da Serra. Entre os tópicos abordados, a especialista destacou a importância de sempre humanizar o paciente durante o atendimento, com empatia, escuta ativa - que consiste em ouvir com atenção e pacência -, respeito e o uso de uma linguagem mais simples.
"O acolhimento é o primeiro e mais importante passo no cuidado com as pessoas. Receber cada paciente com respeito, atenção e escuta qualificada faz toda a diferença no processo de atendimento. Acolher é mais do que atender. É olhar nos olhos, ouvir com empatia, respeitar o sofrimento e as necessidades de quem chega. É garantir que todos — sem distinção — se sintam ouvidos, orientados e amparados", explicou Lucia, em sua apresentação.
Desafios de uma mãe atípica
Ainda de acordo com Lucia Mara, outro fator importante a ser levado em consideração é a realidade das mães atípicas - seja as que tem filhos atípicos ou as que são atípicas. Segundo os dados apresentados em sua fala, entre vários desafios, essas mulheres tem o dobro de risco de morte que as mães típicas. Veja outros dados:
- Tem entre 40% e 50% de chance a mais de desenvolver câncer, 150% a mais de risco de doenças cardiovasculares, e 200% a mais de se envolver em acidentes diversos;
- Nível de estresse exacerbado, semelhante ao estresse crônico apresentado por soldados combatentes;
- Intensiva carga de cuidados dos filhos PCDS: cuidados intensivos, consultas médicas regulares, terapias, crises, falta de apoio e outras demandas específicas.
- Falta de apoio: muitas vezes se sentem sozinhas e isoladas. Podem, inclusive, não ter amigos ou familiares, que entendam as suas necessidades e as do seu filho;
- Desafios financeiros: muitas têm despesas extras, como remédios ou terapias específicas para o filho. Em alguns casos, o desafio é agravado quando a mãe não possui um emprego ou se tiver um emprego com baixo salário.
A capacitação evidenciou que, mais do que técnica, o acolhimento é uma postura que transforma o cuidado em saúde. Ao ouvir relatos como os das mães atípicas e refletir sobre os dados apresentados, os profissionais da rede municipal reafirmaram o compromisso de promover um atendimento mais empático, humanizado e inclusivo em todos os serviços de saúde da cidade.