Educação da Serra homenageia 30 educadores no VII Afrocelebrarte 2025
Evento reconheceu práticas pedagógicas antirracistas na rede municipal da Serra
Texto: Elton Lyrio
- Foto: Daniel Deamorim
A Secretaria de Educação da Serra (Sedu) realizou o VII Afrocelebrarte 2025, edição Professora Dra. Bárbara Carine. O evento homenageou 30 profissionais da rede municipal que desenvolveram práticas pedagógicas para a Educação das Relações Étnico-Raciais (Erer) e o ensino da História e Cultura Africana, Afro-Brasileira e Indígena.
Ao todo, 78 práticas pedagógicas foram inscritas no concurso, com diferentes abordagens metodológicas, e avaliadas por uma comissão técnica com letramento racial crítico, composta por profissionais da própria Sedu. Os trabalhos homenageados abordaram temáticas como memória, patrimônio, ancestralidade e identidades negras e indígenas, literatura infanto-juvenil com valorização das culturas africana e afro-brasileira, além de arte e produção audiovisual.
O Afrocelebrarte foi realizado na última terça-feira (18), no auditório do Centro Administrativo Arino Gonçalves, e é uma iniciativa da Coordenação de Estudos Étnico-Raciais da Sedu para valorizar e reconhecer práticas pedagógicas que promovem a educação antirracista nas escolas do município.
A cerimônia contou com apresentação cultural de crianças e adolescentes do Instituto Serenata de D`Favela, que interpretaram canções sobre a importância da conscientização da luta contra o racismo e da valorização das pessoas negras.
Além dos profissionais da educação homenageados, a escritora Rafaela Camargo, mulher negra nascida em Ibiraçu e residente na Serra, recebeu menção honrosa. Apaixonada pela cultura capixaba, ela retrata as belezas do Espírito Santo em suas obras literárias, com o sonho de que mais crianças negras se identifiquem nas páginas dos livros.
Para a secretária de educação da Serra, Mayara Candido, o Afrocelebrarte é a celebração do trabalho de quem constrói, no dia a dia, uma educação comprometida com as relações étnico-raciais.
“Em uma rede com 148 escolas e quase 70 mil estudantes, em que 74% deles se declaram pretos e pardos, reconhecer essas práticas é reafirmar que vidas negras importam e que a escola tem um papel fundamental nessa construção. Os profissionais homenageados mostram, com suas ações, que a educação transforma quando garante pertencimento, equidade e oportunidade. O que fazemos não é um gesto isolado nem restrito a um mês, mas parte de um compromisso contínuo com uma escola que acolhe, respeita e promove direitos”, destacou a secretária.
A coordenadora de estudos étnico-raciais da Sedu, Rosângela Pereira dos Santos, destacou a importância do trabalho diário dos professores na implementação da educação para as relações étnico-raciais nas escolas da rede municipal de ensino da Serra.
“Compreendemos o desafio que é trabalhar a Erer e hoje homenageamos os que com responsabilidade fazem acontecer uma educação com equidade, integral e que visa todas as crianças e estudantes independentemente de seu pertencimento racial. Nossos parabéns a todos”, disse.
A homenageada que dá nome à edição, professora Dra. Bárbara Carine, gravou vídeo agradecendo a homenagem e destacando a importância do trabalho desenvolvido pelos profissionais da rede municipal.
“Estou profundamente honrada com essa homenagem. Você educador, você educadora que tem um compromisso com a educação antirracista precisa ser celebrado, ser lembrado, e ser premiado. A estudantada, merece uma educação que celebre e potencialize todas as existências. Uma educação que reconheça também as potencialidades das comunidades negras e indígenas no nosso país, pois nós ajudamos a formar essa nação. Parabéns Afrocelebrarte e muito obrigada por essa honraria”, disse Bárbara Carine.
Homenageados
A professora Fernanda Salles Gomes, da Escola Padre Gabriel, em Jardim Carapina, foi homenageada pelo projeto “Cores do Brasil: Uma viagem pelas nossas Raízes” em que abordou identidade, reconhecimento, pertencimento e letramento racial. “É uma valorização que mostra que não estamos sozinhos, que o nosso trabalho é visto não apenas dentro da escola. Começamos o projeto a partir da observação de atitudes dos próprios estudantes. Então passamos a mostrar a eles o que é o racismo, que atitudes eles consideravam inofensivas, mas descobriram que eram racistas. E aprenderam também a valorizar a própria identidade e a própria autoestima. Não consigo expressar o quão gratificante é ver que o nosso trabalho transformou vidas e transformou atitudes, não apenas na escola, mas no dia a dia desses estudantes”, afirmou.
Professora de Língua Portuguesa da Escola São Diogo, Cristina Oliveira dos Santos, foi homenageada no Afrocelebrarte pelo segundo ano consecutivo. Dessa vez, ela trabalhou com os alunos do 7º ano o projeto “Negritudes em Cordel: releituras musicais”. “Foi muito gratificante ter meu trabalho reconhecido mais uma vez pelo Afrocelebrarte. Trabalhar a educação para as relações étnico-raciais nas escolas é um desafio, mas quando o profissional é reconhecido por isso, nos dá um ânimo a mais. Trabalhei, com os estudantes do 7° ano, letras de músicas que falam sobre a realidade negra no Brasil e transformamos isso em cordel. Eles aprenderam tanto sobre negritude quanto sobre poesia e rimas poéticas”, disse.
Professores e projetos homenageados:
- Mayara Simões de Carvalho (Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Sônia Regina) - Esculturas da Memória: Chico Prego na Arte da Infância
- Letícia Almeida Rodrigues (Emef Dom Helder Pessoa Câmara) - Eco das Raízes: Saberes ancestrais na educação antirracista
- Cecilia Gabriel Ramaldes (Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Vantuil Raimundo Bessa) - Contribuições africanas e indígenas na vida, na linguagem e na arte
- Alessandra Ribeiro Lima (Emef Prof.ª Valéria Maria Miranda) - Meta-África em Formação: um projeto de reeducação das relações étnico-raciais
- Fernanda Sales Gomes (Emef Padre Gabriel) - Cores do Brasil: Uma viagem pelas nossas Raízes
- Veruska dos Santos Pereira Ferreira (Emef Sônia Regina Gomes Rezende Franco) - Cantando Resistências: Congo, Palermo e o Pássaro de Fogo na Infância
- Kátia Alexandra Santos Batista (Emef Prof.º Luiz Baptista) - "Causos, Contos e Acontecimentos: Coletânea"
- Márcia Correia de Lima Nascimento (Emef Manoel Vieira Lessa) - Vozes ancestrais - tecendo saberes da diáspora e da terra
- Mirian Silva Borges de Jesus André (Emef Padre Gabriel) - Projeto Literário – O Menino que Via Cores
- Elizabeth Mendonça Coelho (Emef Prof.ª Valéria Maria Miranda) - Ateliê Afro-Indígena de Letramento Racial
- Manu Florindo Rodovalho Toledo (Emef Aureníria Correa Pimentel) - Sala Carolina Maria de Jesus: Sala de visitas e o quarto de despejo
- Ana Raquel Martins Moura (Emef Prof.ª Iolanda Schneider Rangel da Silva) - Migrações africanas
- Érika Milena de Souza (Emef Serrana) - As Dandaras: vozes que ecoam poesia, ancestralidade e esperança
- Maykon de Jesus Matias Santos (Emef Ismênio de Almeida Vidigal) - Maculelê: Ritmo, Corpo e Ancestralidade em Movimento
- Juliana Matiazzi Pereira (Cmei Prof.ª Alaíde Alvarenga Lírio Rocha) - Nova Almeida e Seus Encantos
- João Paulo Florindo Costa (Emef Leonel de Moura Brizola) - Ancestralidade Viva: Histórias, Sabores e Patrimônios Capixabas
- Elisangela Rosa Glicério Barbosa (Cmei Selma Nacif Elias) - Cores, Ritmos e Penteados: Identidades que Dançam na Infância
- Marcia do Nascimento (Cmei Infância Feliz) - Todo o cabelo é lindo, esse é meu, minha história, minha identidade
- Arthur Birchener Teixeira de Menezes (Emef Leonor Miguel Feu Rosa) - Projeto Letramento Racial
- Lucas Borges Soeiro (Emef Leonor Miguel Feu Rosa) - Unidos pela tradição: o congo na/da/com a escola
- Wanderson do Nascimento Souza (Emef Flor de Cactus) - Pelos meus olhos, o racismo
- Jamile Menezes da Silva (Emef Rubem Alves) - O Barro que Conta Histórias – As Paneleiras de Goiabeiras
- Sara Gonçalves Pereira (Emef Prof.ª Valéria Maria Miranda) - Resistência: Carnaval de Congo e Queimado
- Mariana de Oliveira Nascimento (Cmei Vovó Ritinha) - Vivências com o Congo de Manguinhos
- Fernanda Alves de Amorim Ruy Bobbio (Emef Leonel de Moura Brizola) - À sombra do ipê, Leonelê: literaturas que aquilombam!
- Jakslaine Silva da Penha (Cmei Integração Maringá e Mata da Serra) - Guerreiros de Ayô
- Victor Hugo Mendes de Oliveira (Escola Municipal de Ensino Fundamental em Tempo Integral (Emefti) Prof.ª Eulália Falquetto Gusmann) - Alehop Circus
- Jeniffer Christina de Souza Mota Cruz (Emef Jorge Amado) - Corpo, Cultura e Resistência: A Dança como Ferramenta de Valorização Afro-Brasileira
- Cristina Oliveira dos Santos (Emef São Diogo) - Negritudes em Cordel: releituras musicais
- Lilian Carla de Almeida Gomes (Cmei Infância Feliz) - Tesouros Capixabas: Cores, Culturas e Diversidades com Gío e Amigos