Servidora do IPS é exemplo de superação do câncer de mama
Viviane foi diagnosticada com a doença em 2019 e teve alta no início deste ano
Texto: Daniel Vargas
- Foto: Daniel Vargas
Outubro é mês de conscientização sobre o câncer de mama e, por mais que seja difícil ouvir o diagnóstico e passar pelo tratamento, é importante focar no que traz esperança: de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a chance de cura é de até 95% nos casos em que a enfermidade é identificada e tratada ainda em seu estágio inicial.
A chefe do Departamento Administrativo do Instituto de Previdência dos Servidores da Serra (IPS), Viviane Ferreira Soares, preferiu se ater às estatísticas positivas. Assim, em janeiro deste ano, ela recebeu alta e, agora, realiza apenas acompanhamento médico para manter sua qualidade de vida.
Essa história de superação começa lá em janeiro de 2019, quando a servidora fez uma mamografia entre os exames de check-up. O procedimento não apontou nada, embora ela sentisse uma dor latejante no braço.
Os sintomas moveram Viviane a buscar outros especialistas. Quase todos diziam que “era coisa de sua cabeça”, até que uma médica resolveu escutá-la de fato e decidiu investigar a doença. O resultado foi que, em novembro daquele ano, ela foi diagnosticada com um carcinoma ductal na mama direita.
A princípio, ficou desesperada. “Quando descobri, perdi meu chão. Vim de uma cultura que acredita que o diagnóstico de câncer é fatal. Por isso, foi um período difícil e que me causou muito medo. Tive que enfrentar centro cirúrgico mais de uma vez, com notícias sobre pandemia saindo na imprensa”, recordou.
Outro ponto que colaborou para o temor foi a situação de saúde de uma pessoa muito especial, que também era seu apoio. “Minha melhor amiga, minha mãe Silma, manifestou Alzheimer e não pude contar com ela, que sempre foi meu alicerce. Aí, o que era complexo, ficou bem complicado e pesado. Tive que arrumar forças de onde nem imaginava para enfrentar o câncer”, relatou Viviane.
Forças que ela conseguiu por meio da fé e com o suporte da família e amigos. Assim, cinco dias depois que soube do diagnóstico, passou por uma mastectomia radical. A verdade é que havia muito pouco tempo para pensar. O tumor estava grande, com sete centímetros de altura e quatro de largura.
Questionada sobre como se sentiu com a mastectomia, a chefe do Departamento Administrativo foi enfática em afirmar que sua vida importa mais do que a feminilidade. “A parte estética se melhora depois. A vida pode não voltar. Eu precisava tirar um quadrante, mas, por precaução, pedi para a médica retirar a mama inteira. Muitas mulheres têm o diagnóstico e se apegam ao lado estético. Inclusive, conheci uma que morreu por causa disso”, ponderou.
Por essa razão, ela dá uma dica para as mulheres diagnosticadas com a doença. “Hoje, há recursos, como a prótese de silicone. Eu optei por aguardar um tempo, para me reestruturar física e emocionalmente da cirurgia, e coloquei prótese. Existem médicos especializados em reconstrução mamária. Além disso, o procedimento é um direito coberto tanto por planos de saúde privados quanto pelo Sus”, reforçou.
Seis anos após o procedimento e ter se submetido a um tratamento via oral, Viviane revelou se sentir bem. Ela, que tem um casal de filhos, acabou mudando seu olhar em relação à vida.
“Precisamos enxergar todas as realidades que nos cercam e nos atentarmos para as prioridades, como é o caso dos meus filhos. Esse cuidado faz parte de um autoconhecimento. Ninguém melhor do que nós para conhecermos nosso corpo. Ele dá sinais. Apegue-se também a Deus e sua família e enfrente com fé, que há grande chance de dar certo”, refletiu.